segunda-feira, 21 de junho de 2010

Sete dias, seis jogos e seguindo em frente.*

Olá amigos,

Acho que já cheguei a atingir mais de treze leitores, mas como é melhor manter a modéstia, seguirei me referindo aos treze iniciais.

Esse começo de Copa do Mundo tem sido mesmo uma loucura, fui a 6 jogos em 7 dias, o carro já rodou mais de mil quilômetros entre Joanesburgo e seus subúrbios, Pretória e Rustemburg e percebi hoje na lojinha de conveniência onde paramos após Espanha X Honduras que nunca estiva tão desinformado sobre uma Copa como dessa vez!

Pode Parecer contraditório mas estar aqui vivendo a Copa, seus jogos e o esse clima de todo mundo junto e misturado não tem deixado espaço para eu saber dos bastidores, crises e etc. Na lojinha do posto aqui perto descobri que o time da França fez greve hoje e que os Sul Africanos estão de novo animados com suas chances (precisam torcer pro um resultado no outro jogo e tem que detona a França). Eu acho que a África do Sul já era.

Um dos jogos em que estive foi Bafana Bafana contra o Uruguai. Pretória é uma cidade que parece mais interessante que Joburg, gente andando nas ruas, parece mais com cidade e tem um dos lugares mais legais que fui até agora, Hatfield Square, uma praça fechada com um monte de bares e durante a copa cheia de gente do mundo todo bebendo, cantando e torcendo. Pena que Pretória é longe de onde estamos.

Falando do jogo, foi tudo muito louco já que eu não tinha ingresso e fiquei junto com Vannier plantado na porta “curtindo” os 2 graus negativos que faziam e esperando alguém com um ingresso sobrando para o jogo mais concorrido da Copa até então. Deu certo pra gente, já pra África do Sul... Forlan foi o cara! Nesse jogo reencontrei num acaso incrível, meus amigos turcos do avião de quem falei num post anterior, eles fizeram uma farra!

Os Sul Africanos têm me irritado com suas vuvuzelas, não pelo barulho chato em si, mas pela ausência completa de qualquer canto ou grito que ela gera. No próprio jogo deles, vários tentavam puxar um Shosholoza (música linda que é cantada no filme Invictus), mas eram abafados facilmente pelo estrondo desprovido de mensagem das cornetas. Na prática em nenhum jogo se ouve cantos das torcidas nos estádios, mesmo no jogo Argentina X Coréia do Sul, no qual pude sentir na pele a diferença entre a torcida da Argentina na Copa e o bandinho que acompanha o Brasil foi difícil decifrar o que cantavam os milhares de Argentinos que pulavam por todo o Estádio.

Seguindo com o assunto torcida, devemos todos agradecer aos céus pelo quesito torcida não valer para a disputa da Copa do Mundo, apesar de muitos brasileiros estarem aqui, nossa torcida pena pela falta de gente que tenha algum hábito de freqüentar estádios e que goste mesmo de futebol. Há muitos que são torcedores de verdade, me incluo entre eles e conheci muitos outros, mas a maioria não parece ter intimidade com arquibancadas. Acaba que nem mesmo o nome de Luis Fabiano ecoou como deveria por Soccer City depois de seus dois gols ontem, triste mesmo é quando tentam puxar aquela malíssima “Sou Brasileiro com muito orgulho com muito amor”. A Copa no Brasil, com mais povo na torcida vai resolver isso. Tenho fé.

Soccer City merecia um post próprio, mas como minhas blogadas andam limitadas, ficará com um pedaço de parágrafo. Que lugar lindo a África do Sul construiu para a Copa do Mundo, estádio perfeito, limpo, com visibilidade perfeita do campo, organizado, espaçoso, enfim é de dar inveja. O único problema é que depois de ir lá tenho achado todos os outros estádios um lixo, especialmente os centenários, ou quase, Loftus e Ellis Park. Vou a Soccer City ainda mais uma vez para ver Ghana e Alemanha, fora um improvável ingresso para a final, será minha despedida, espero que encontre algo parecido no meu maracá daqui a 4 anos.

Falei de Ghana e lembrei-me de Austrália x Ghana, jogo menos votado para o qual eu tinha ingresso e que veio junto com uma viagem longuinha até Rustemburg. Valeu a pena, o Brasil não vai lá e 5 brasileiros desavisados desembarcando em um supermercado por lá sentiram o que significa o Brasil para o povo daqui. O mercado parou, os funcionários vieram todos tirar fotos, fizeram fila, não deixavam sair de lá, loucura total mesmo! Quanto ao jogo, foi meio mais ou menos, mas valeu pela torcida de Ghana composta por figuraças inesquecíveis!

Não podia deixar de falar do dia mais frio da história da áFrica do Sul, quando fez -10º em Polokwane durante França e México que assistimos em Melrose Arch com a temperatura mais amena, algo como -4º, sentados num sofá ao ar livre bem perto do telão que passava o jogo para que estava sentado nas mesas com aquecedor do restaurante lotado. As TVs do México estavam todas por lá e nós não escapamos de uma entrevista para o E! Mexicano que queria saber o que os brasileiros achavam do jogo... O portunhol deve ter ficado triste! A repórter prometeu tequilas se o México ganhasse, nunca mais a vimos.

Vamos apagar a luz porque daqui a pouco amanhece aqui e a correria continua... Gostaria de saber notícias de que como andam repercutindo a copa e a seleção no Brasil.


*Publicado também em Brazuca Brazuca no Globo online