08/06/2010 12h00 - Atualizado em 08/06/2010 13h20
Vuvuzela faz mais barulho que helicóptero, aponta medidor
A pedido do G1, engenheiro fez testes em São Paulo.
Corneta será usada nos jogos da Copa do Mundo da África do Sul.
Glauco Araújo
Do G1, em São Paulo
O som das vuvuzelas, um tipo de corneta, promete dar o tom da festa nos estádios durante a Copa da Mundo na África do Sul, a partir desta sexta-feira (11). Mas muita gente reclama do barulho que ela faz e, nesta segunda (7), uma fundação europeia divulgou que ela é mais barulhenta que uma motosserra. Para tirar a limpo, o G1 pediu a um engenheiro que fizesse a comparação com sons típicos de uma cidade grande. E o resultado: a vuvuzela faz mais barulho que o trânsito da Marginal Tietê e até de um helicóptero em São Paulo. Ao lado, veja vídeo com os testes.
Nas medições feitas a pedido do G1 pelo engenheiro Hamilton Tambelini, da empresa Ruído Menor, o som de uma única vuvuzela atingiu 114 decibéis. O som de três tocadas ao mesmo tempo foi a 117 decibéis. Um helicóptero decolando no Campo de Marte, na zona Norte de São Paulo, chegou a pico de 98 decibéis. "A cada três decibéis temos o dobro do valor inicial em escala linear", segundo Tambelini. Isso significa o nível de 117 decibéis é o dobro de 114.
A vuvuzela usada para teste estava à venda em uma loja na Rua 25 de Março e tinha o selo do Inmetro. Segundo os lojistas, pode faltar vuvuzela durante a Copa. Em cinco lojas visitadas pelo G1, a corneta só foi encontrada em uma.
Em todas as comparações feitas pelo engenheiro Tambelini, a vuvuzela, tocada ao ar livre, mostrou-se mais incômoda que os sons que fazem parte da rotina do paulistano. "A vuvuzela, se tocada muito próxima ao ouvido, pode provocar lesões auditivas permanentes. Por isso é importante o uso de protetor auricular durante a torcida dos jogos, mesmo em casa, fora dos estádios", disse Tambelini.
RANKING DO BARULHO
FONTE DE SOM MEDIÇÃO DE RUÍDO
UMA VUVUZELA 114 DECIBÉIS
TRÊS VUVUZELAS 117 DECIBÉIS
HELICÓPTERO - MOTOR A PISTÃO (DECOLAGEM) 98,3 DECIBÉIS (PICO)
HELICÓPTERO - BIMOTOR TURBINADO (POUSO) 95,9 DECIBÉIS
CAMINHÃO NA MARGINAL TIETÊ 92,9 DECIBÉIS (PICO)
FLUXO NORMAL NA MARGINAL TIETÊ 80 DECIBÉIS (MÉDIA)
FLUXO NORMAL NO TÚNEL DO ANHANGABAÚ 91 DECIBÉIS
MOTOCICLETA NO TÚNEL ANHANGABAÚ 92,3 DECIBÉIS
ÔNIBUS NO TÚNEL ANHANGABAÚ 91,3 DECIBÉIS
Fonte: Ruído Menor
"Na comparação entre a Marginal Tietê, os helicópteros no Campo de Marte e as cornetas, a vuvuzela é muito mais forte. Se juntássemos todos, não chegaria ao som da vuvuzela. Isso acontece porque a vuvuzela é estridente, com som mais agudo. O ouvido humano é mais sensível a sons agudos. Como o torcedor vai estar mais perto das cornetas, a intensidade sonora é maior", afirmou o engenheiro.
Uma fundação mantida pela Phonak, fabricante suíça de próteses auditivas, divulgou nesta segunda (7) que a vuvuzela incomoda mais que uma motoserra. Uma série de testes, em estúdio, demonstrou que as trombetas podem alcançar 127 decibéis. Ganham de tambores (122 decibéis) e de apitos (121,8 decibéis), por exemplo.
Risco nos estádios
Segundo a Norma Regulamentadora 15, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o limite de tolerância para ruído contínuo é de apenas oito minutos em casos de sons como o da vuvuzela, que chegou a 114 decibéis. "Se pensar que uma partida de futebol tem 90 minutos, fora a festa nos minutos que antecedem a partida, imagine o risco de lesão auditiva que o torcedor estará exposto", disse Tambelini.
A mesma norma ainda indica que não é permitida a exposição a níveis de ruído acima de 115 decibéis para pessoas sem proteção nos ouvidos. "Isso significa que alguma lesão o torcedor poderá sofrer durante os jogos na África do Sul. É prudente que o torcedor leve qualquer tipo de proteção. A lesão auditiva, por menor que seja, pode ser permanente", afirmou o engenheiro.
Empresário africano quer impedir o Brasil de chamar corneta de vuvuzela Torcedor carioca descobre que não é fácil tirar som da vuvuzela Comércio popular aposta no sucesso de vendas da 'vuvuzela' no Brasil Barulho para dormir
Apesar de trabalhar na área de aviação há 36 anos, João Júnior, gerente comercial da Tucson Aviação, disse que o som de algumas aeronaves ainda o perturbam. "O som do helicóptero, por exemplo, eu já estou acostumado. Há frequências que me incomodam mais e só depende do helicóptero. Mas o que me atinge mais é o barulho provocado pelas vuvuzelas. Em estádio de futebol, já tive problemas com elas. Incomoda mesmo."
A convivência com sons em altos decibéis fez com que Júnior tivesse uma característica auditiva peculiar. "O silêncio me incomoda para dormir. Preciso de um pouco de barulho para conseguir pegar no sono. Eu tenho um zumbido permanente no ouvido. O silêncio faz com que esse zumbido apareça mais claro quando vou dormir, o que acaba me incomodando um pouco."
Júnior disse que faz exames de audiometria todo ano e nunca houve registro de perda auditiva.
Os comerciantes da Rua 25 de Março não têm do que reclamar nos últimos dias que antecedem a abertura do mundial de futebol. "A vuvuzela é boa para o comércio. Por causa da Copa, o pessoal já vem no ritmo para comprar. Quando vem um grupo de clientes, todos querem tocar, fazer barulho e levar uma corneta para casa. Comemorar um gol do Brasil sem fazer barulho não tem graça", disse Fátima Paula, 33 anos, gerente da loja Monita.
Apesar de elogiar o efeito sonoro da vuvuzela nas vendas, ela não quer saber de muito barulho depois do expediente. "Não posso reclamar, a vuvuzela está vendendo bastante. Vamos fazer uma exceção durante a Copa e depois vamos trabalhar e ficar sem barulho", brincou a gerente.
Mesmo deixando escapar que a vuvuzela provoca um pouco de incômodo, Fátima disse que só uma coisa é pior que a corneta africana: a buzina. "É uma coisa sem controle. Quando a pessoa toca uma buzina, está irritada e tensa. Isso incomoda mais do que uma vuvuzela, que é alegre."
O clima de festa durante a Copa do Mundo da África do Sul pode amenizar a intolerância das pessoas pelo barulho provocado pelas cornetas. "A vuvuzela vai incomodar mais do que o trânsito de São Paulo, principalmente para quem não gosta de futebol. Eu, particularmente, acompanho futebol e não vou gostar desse barulho o tempo todo", afirmou Tambelini.
terça-feira, 8 de junho de 2010
Copas da Minha Vida (1998)
1998 –
Para mim, 98 não foi só a Copa da França, foi a Copa da Aliança Francesa. Com vários jogos à tarde, o diretor da Aliança, um francês amante de futebol resolveu colocar uma Televisão especialmente para ver os jogos no pátio do curso de francês. Eu, que era aluno, chegava sempre mais cedo para assistir às partidas. Por conta das aulas, da origem francesa de parte da minha família, das cores e do Zidane, eu fui ficando fã dos “bleus” naquele mundial, ao ponto de ter ficado até satisfeito com o fato deles terem ganho. Que o Dunga não me ouça, porque pode querer se vingar depois: aquela foi uma vitória incontestável, eles não deram chance para gente. Tirando os atacantes (quem era Dugarry?) a seleção era muito boa. Mesmo assim Trezeguet e Henry ganharam as vagas de titulares e depois a história mostrou que eles se tornaram bons jogadores.
Mas não só a França me encantava. O futebol estrangeiro como um todo me fascinava. Diferentes pessoas, diferentes estilos, eu jogava CM e era preciso prospectar jogadores. Apesar de ainda embrionário, o Time Trim começava a surgir e uma dupla de ataque formada por um garoto loiro e um outro negro, tal como Bergkamp e Kluivert, faziam coisas mágicas após o coral na quadra do Centrão.
Segundo muitos treinadores, o mais importante é o primeiro jogo de uma Copa, e a estreia de 98 é inesquecível. O Brasil jogava contra a Escócia as 10h30, e eu tinha um grupo de trabalho na escola que achou que já que nós seriamos liberados das aulas, poderíamos aproveitar para fazer um trabalho em grupo justamente no horário do jogo. Eu era minoria e único que gostava de futebol, fui vencido. É claro que minha família não acreditou. Achou que eu estava com uma namorada escondido e ia encontrar com ela… Eles até estavam certo em metade da história, eu fui encontrar a minha namorada misteriosa às 7h30 – no que seria o horário da aula – pois os pais dela achavam que ela estava indo para escola, e depois eu fui para casa da Maria fazer o tal trabalho. Mas enquanto eles faziam grande parte da coisa eu fiquei com o pai dela assistindo ao jogo – foi engraçado. Mas acho que até hoje tem gente não acredita na história toda.
Para mim, 98 não foi só a Copa da França, foi a Copa da Aliança Francesa. Com vários jogos à tarde, o diretor da Aliança, um francês amante de futebol resolveu colocar uma Televisão especialmente para ver os jogos no pátio do curso de francês. Eu, que era aluno, chegava sempre mais cedo para assistir às partidas. Por conta das aulas, da origem francesa de parte da minha família, das cores e do Zidane, eu fui ficando fã dos “bleus” naquele mundial, ao ponto de ter ficado até satisfeito com o fato deles terem ganho. Que o Dunga não me ouça, porque pode querer se vingar depois: aquela foi uma vitória incontestável, eles não deram chance para gente. Tirando os atacantes (quem era Dugarry?) a seleção era muito boa. Mesmo assim Trezeguet e Henry ganharam as vagas de titulares e depois a história mostrou que eles se tornaram bons jogadores.
Mas não só a França me encantava. O futebol estrangeiro como um todo me fascinava. Diferentes pessoas, diferentes estilos, eu jogava CM e era preciso prospectar jogadores. Apesar de ainda embrionário, o Time Trim começava a surgir e uma dupla de ataque formada por um garoto loiro e um outro negro, tal como Bergkamp e Kluivert, faziam coisas mágicas após o coral na quadra do Centrão.
Segundo muitos treinadores, o mais importante é o primeiro jogo de uma Copa, e a estreia de 98 é inesquecível. O Brasil jogava contra a Escócia as 10h30, e eu tinha um grupo de trabalho na escola que achou que já que nós seriamos liberados das aulas, poderíamos aproveitar para fazer um trabalho em grupo justamente no horário do jogo. Eu era minoria e único que gostava de futebol, fui vencido. É claro que minha família não acreditou. Achou que eu estava com uma namorada escondido e ia encontrar com ela… Eles até estavam certo em metade da história, eu fui encontrar a minha namorada misteriosa às 7h30 – no que seria o horário da aula – pois os pais dela achavam que ela estava indo para escola, e depois eu fui para casa da Maria fazer o tal trabalho. Mas enquanto eles faziam grande parte da coisa eu fiquei com o pai dela assistindo ao jogo – foi engraçado. Mas acho que até hoje tem gente não acredita na história toda.
Copa da Minha Vida (1994)
Antes da Copa começar já tinha a certeza que seriamos campeões. Eu tinha 10 anos, e em 1970 meu pai tinha 10 anos quando o Brasil foi campeão, logo, obviamente levaríamos o caneco.
Cada jogo foi uma festa. A cada dia eu era buscado na escola para ir assistir aos jogos em algum canto. Casa de parentes, casas de amigos dos meus pais, qualquer lugar era um bom lugar e garantia de festa.
Na época eu não era o fã, como a maioria do Romário. Para mim ele não era assim esse ídolo todo – eu gostava era do Raí e queria ver ele brilhando na Copa e ao longo do ano de 94 fui me encantando com então Ronaldinho, e esperava ter visto ele entrar na final, e não o Viola.
Naquela Copa eu ainda não conseguiria a minha meta de assistir a todos os jogos, mas consegui ver um bom número, e de acordo com minha falha memória, assistia a todos que passavam na TV e eu estava em casa. Em 94 foi quando me decepcionei com a Colômbia, me encantei com a Nigéria, Hagi, Batistuta. Além disso, alguns jogos – não sei bem o porquê – ficaram na memória embora talvez nem tenha existido: Bulgária x Nigéria; Suiça x Espanha; Espanha x Itália.
E a final aconteceu no apartamento de Pedro Villella, aquele que seria o primeiro e até agora único treinador do Time Trim. Minha irmã e minha prima ficaram de costas para a TV durante toda a partida, e depois daquele 0 x 0 os penaltis. Foi uma bela festa, grande comemoração e Pedrinho - como era conhecido o anfitrião - gostava era de ouvir os "replays" de gols no rádio, o que dava ao apartamento um ambiente magnífico de festa.
Cada jogo foi uma festa. A cada dia eu era buscado na escola para ir assistir aos jogos em algum canto. Casa de parentes, casas de amigos dos meus pais, qualquer lugar era um bom lugar e garantia de festa.
Na época eu não era o fã, como a maioria do Romário. Para mim ele não era assim esse ídolo todo – eu gostava era do Raí e queria ver ele brilhando na Copa e ao longo do ano de 94 fui me encantando com então Ronaldinho, e esperava ter visto ele entrar na final, e não o Viola.
Naquela Copa eu ainda não conseguiria a minha meta de assistir a todos os jogos, mas consegui ver um bom número, e de acordo com minha falha memória, assistia a todos que passavam na TV e eu estava em casa. Em 94 foi quando me decepcionei com a Colômbia, me encantei com a Nigéria, Hagi, Batistuta. Além disso, alguns jogos – não sei bem o porquê – ficaram na memória embora talvez nem tenha existido: Bulgária x Nigéria; Suiça x Espanha; Espanha x Itália.
E a final aconteceu no apartamento de Pedro Villella, aquele que seria o primeiro e até agora único treinador do Time Trim. Minha irmã e minha prima ficaram de costas para a TV durante toda a partida, e depois daquele 0 x 0 os penaltis. Foi uma bela festa, grande comemoração e Pedrinho - como era conhecido o anfitrião - gostava era de ouvir os "replays" de gols no rádio, o que dava ao apartamento um ambiente magnífico de festa.
Copas da Minha Vida (1986 / 1990)
1986 – Com 3 anos de idade, não lembro de nada.
1990
Considero que essa tenha sido a minha primeira Copa do Mundo. Segundo os especialistas não foi uma boa copa, mas para mim foi. Em primeiro lugar eu não tenho memória de estar torcendo pelo Brasil, portanto não foi doloroso ver aquele belo passe de Maradona para Canniggia driblar Taffarel e eliminar a seleção do Lazaroni.
Para mim o que ficou daquele mundial foi o que eu pude levar para os campos de pelada, para o futebol que eu jogava. Foi marcante a seleção de Camarões e seu líder Roger Mila; ficou Higuita em glória e em desgraça; ficou o Goycochea quando eu jogava no gol e gostava de pegar penaltis; e em muitas vezes quando jogava futebol no golzinho contra meu primo Bruno já ficava marcada a diferença desde cedo entre nossos estilos futebolísticos, eu escolhia ser o Lothar Mathaus enquanto ele escolhia outros mais leves e habilidosos.
1990
Considero que essa tenha sido a minha primeira Copa do Mundo. Segundo os especialistas não foi uma boa copa, mas para mim foi. Em primeiro lugar eu não tenho memória de estar torcendo pelo Brasil, portanto não foi doloroso ver aquele belo passe de Maradona para Canniggia driblar Taffarel e eliminar a seleção do Lazaroni.
Para mim o que ficou daquele mundial foi o que eu pude levar para os campos de pelada, para o futebol que eu jogava. Foi marcante a seleção de Camarões e seu líder Roger Mila; ficou Higuita em glória e em desgraça; ficou o Goycochea quando eu jogava no gol e gostava de pegar penaltis; e em muitas vezes quando jogava futebol no golzinho contra meu primo Bruno já ficava marcada a diferença desde cedo entre nossos estilos futebolísticos, eu escolhia ser o Lothar Mathaus enquanto ele escolhia outros mais leves e habilidosos.
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