terça-feira, 2 de julho de 2013

E ao fim a final, enfim.


Domingo o Maracanã voltou a receber um jogo sério da seleção brasileira. Desde o jogo decisivo das eliminatórias para a Copa de 94, o Rio não recebia jogo tão importante da seleção.

Foram 20 anos em que os poucos jogos que tivemos aqui renderam mais galhofa e vaias do que fizeram os presentes levar a sério e torcer.

Era o Brasil, que vinha cambaleante, desafiando o time que vem mandando no futebol mundial e sendo odiado pelos gatos mestres de plantão. Logo de cara o Brasil fez 1 a 0 e terminou por vencer com muita tranquilidade o jogo.

Muito menos tranquilidade tinha do lado de fora, quando a PM continuava a nos lembrar que sua extinção é a melhor saída. Algo que já era esperado, pelo aparato surreal com que a corporação cercava o estádio desde cedo (e estranhamente permitia propaganda religiosa na área que só deveria estar quem tinha ingresso).
Que tipo de pessoa acha legal tirar foto com caveirão??

Animado com a partida, com a seleção brasileira dando gosto de ver jogar e por ter ganhado do "time a ser batido" no mundo, cheguei em casa e descobri três coisas.

1 - o jogo foi comprado. Para tranquilizar o país frente aos protestos e melhorar a imagem do governo, Brasil Fifa e patrocinadores teriam comprado o resultado.

Parei e lembrei de ter visto uma declaração com o Xavi falando que um dos sonhos dele era jogar no Maracanã e que uma frustração era nunca ter enfrentado o Brasil,

em mais de 100 jogos pela Espanha. Colocando no bolo que o cara já ganhou tudo no futebol, jogou três Copas (ganhou uma), três euros (ganhou duas) e o salário milionário que ele recebe, quanto custaria  a participação desse jogador na armação do resultado? Isso também vale para Casillas, Ramos, Iniesta, Fábregas, Torres, Piqué, Mata.

Calculei que essa vitória deve sido mais cara que o Estádio de Brasília.

2 - o time da Espanha na verdade é uma farsa, um engodo e nunca jogou nada. De cara eu pensei, se isso é verdade, o item 1 é falso. Não íamos precisar gastar dinheiro para comprar um time de meia tigela, uma oba oba fabricado pelo Galvão Bueno.

Outra coisa que me veio a cabeça foi como esse engodo de time fez para ganhar as três últimas competições importantes que disputou, passando por Alemanha, Itália, França, Portugal, Holanda, Rússia. Eles devem ter é muita sorte.

Xavi e Iniesta nunca jogaram nada, Casillas nunca agarrou nada.

Tanto recalque assim pelo time da Espanha ter feito história, enquanto o futebol brasileiro não ia lá muito bem acaba turvando a vista e não deixando ver que o selecionado do Brasil teve uma grande vitória numa grande atuação.

Jogadores claramente comemorando um resultado armado.
3 - quem curte o jogo e se anima com uma boa atuação do futebol brasileiro está de olhos fechados para a violência policial, quem se anima com a possibilidade de começar a história do novo Estádio do Maracanã, apoia o processo tortuoso que levou a demolição do estádio antigo e da construção de  um novo estádio. Descobri que as pessoas que não abriram mão de realizar o sonho de ver uma final de competição envolvendo um time que fez história no futebol é um alienado.

Eu só consigo ver nessa forma de pensar uma profunda arrogância sobre como os demais deveriam se comportar. Como disse nosso antigo professor de história Nelson:

"Cinema é somente alienação? Teatro? Barzinho? Festa? Só se pode ser engajado sem nenhuma diversão? E, na contramão, protesto não pode ser divertido? Todo mundo é manipulado? Não dá para torcer pelo time e contra a polícia do Cabral? Todo mundo dentro do estádio tb foi "comprado" (essa é dose)? E não pode ser torcedor e ser contra a Fifa e a CBF? E não posso vibrar com o futebol e pedir uma CPI dos gastos com a Copa? E vamos juntos fazer uma passeata até a Coca, a Nike e quiçás e abrir suas planilhas? E quem disse que diversão tb não beneficia as pessoas? Ah, a doença infantil do dualismo opositor..."