quarta-feira, 3 de julho de 2013

A final (afinal) acima de todas as expectativas.

Não é o mesmo, mas ficou bonito, admito.
Caros 13 leitores, Espero que vocês estejam retornando aqui para nosso querido e (ex) paradinho Blog.

A Copa das Confederações foi acontecendo meio encoberta pela crise real e pelo espetáculo midiático em torno da mesma que eclodiu no Brasil não totalmente por acaso nesse período, contudo, a partir do animadíssimo Brasil X Itália e mesmo antes com o frenético Itália X Japão o futebol vinha dado o ar de sua graça e mostrando algumas novidades, afinal ver a Itália envolvida em jogos com muitos gols várias vezes seguidas é ou não uma novidade?

Ele levava a gente agora levamos ele.
Mas nada supera o clima e os acontecimentos da grande final, sigo em dúvida sobre qual a melhor surpresa: o jogo do Brasil ou o comportamento da torcida. Comecemos pela torcida que do futebol todo mundo já falou.


Pra entrar no campo era moleza

Quem é de futebol, conhece o esporte, já costuma se irritar em jogos cheios com a turma da "modinha" que vai a um jogo por ano e fala um monte de bobagens, na Copa da Confederações isso era a realidade, com o agravante de uma elitização coxinha do público, não só pelos preços (a categoria 4 custava 57 reais a inteira em boa parte dos jogos, não muito diferente dos jogos do Brasileirão) mas também pela própria forma da compra antecipada, pela Internet com cartão de crédito. O pessoal que compra rápido pro show da Madonna é o que domina a ferramenta para estar nos estádios.


Sentar ao lado do mesmo cara (desconhecido) em Salvador e no Maracanã.


Parece que na final, apesar dos preços maiores e etc, de alguma forma parece ter havido uma corrida por ingresso vencida por membros da nossa branca classe média, é verdade, mas com forte presença dos que tinham alguma cancha. Digo isso porque apesar de toda a pressão a favor, cantou-se pouquíssimas vezes o hino coxinha de passeatas, lutas de MMA e jogos da seleção "com muito orgulho, com muito amor" e, por outro lado, tivemos, entre outros bons sintomas, vaias na posse de bola do adversário, coro irônico com a Shakira, "o Campeão Voltou" e, para meu prazer, discussão sobre tática na arquibancada!

Companheira de arquibancadas faz tempo
Ainda falta colorir o público com as cores do Brasil que não são Verde e Amarelo, falta muito futebol para ganhar uma Copa do Mundo, muito mais difícil e séria do que a das Confederações, falta música de estádio, mas foi muito bom ver que futebol segue sendo futebol, que brasileiro pode torcer pra seleção com tesão e sem misturar alhos com bugalhos.

Que venha a nossa Copa.


Três anos depois.



terça-feira, 2 de julho de 2013

E ao fim a final, enfim.


Domingo o Maracanã voltou a receber um jogo sério da seleção brasileira. Desde o jogo decisivo das eliminatórias para a Copa de 94, o Rio não recebia jogo tão importante da seleção.

Foram 20 anos em que os poucos jogos que tivemos aqui renderam mais galhofa e vaias do que fizeram os presentes levar a sério e torcer.

Era o Brasil, que vinha cambaleante, desafiando o time que vem mandando no futebol mundial e sendo odiado pelos gatos mestres de plantão. Logo de cara o Brasil fez 1 a 0 e terminou por vencer com muita tranquilidade o jogo.

Muito menos tranquilidade tinha do lado de fora, quando a PM continuava a nos lembrar que sua extinção é a melhor saída. Algo que já era esperado, pelo aparato surreal com que a corporação cercava o estádio desde cedo (e estranhamente permitia propaganda religiosa na área que só deveria estar quem tinha ingresso).
Que tipo de pessoa acha legal tirar foto com caveirão??

Animado com a partida, com a seleção brasileira dando gosto de ver jogar e por ter ganhado do "time a ser batido" no mundo, cheguei em casa e descobri três coisas.

1 - o jogo foi comprado. Para tranquilizar o país frente aos protestos e melhorar a imagem do governo, Brasil Fifa e patrocinadores teriam comprado o resultado.

Parei e lembrei de ter visto uma declaração com o Xavi falando que um dos sonhos dele era jogar no Maracanã e que uma frustração era nunca ter enfrentado o Brasil,

em mais de 100 jogos pela Espanha. Colocando no bolo que o cara já ganhou tudo no futebol, jogou três Copas (ganhou uma), três euros (ganhou duas) e o salário milionário que ele recebe, quanto custaria  a participação desse jogador na armação do resultado? Isso também vale para Casillas, Ramos, Iniesta, Fábregas, Torres, Piqué, Mata.

Calculei que essa vitória deve sido mais cara que o Estádio de Brasília.

2 - o time da Espanha na verdade é uma farsa, um engodo e nunca jogou nada. De cara eu pensei, se isso é verdade, o item 1 é falso. Não íamos precisar gastar dinheiro para comprar um time de meia tigela, uma oba oba fabricado pelo Galvão Bueno.

Outra coisa que me veio a cabeça foi como esse engodo de time fez para ganhar as três últimas competições importantes que disputou, passando por Alemanha, Itália, França, Portugal, Holanda, Rússia. Eles devem ter é muita sorte.

Xavi e Iniesta nunca jogaram nada, Casillas nunca agarrou nada.

Tanto recalque assim pelo time da Espanha ter feito história, enquanto o futebol brasileiro não ia lá muito bem acaba turvando a vista e não deixando ver que o selecionado do Brasil teve uma grande vitória numa grande atuação.

Jogadores claramente comemorando um resultado armado.
3 - quem curte o jogo e se anima com uma boa atuação do futebol brasileiro está de olhos fechados para a violência policial, quem se anima com a possibilidade de começar a história do novo Estádio do Maracanã, apoia o processo tortuoso que levou a demolição do estádio antigo e da construção de  um novo estádio. Descobri que as pessoas que não abriram mão de realizar o sonho de ver uma final de competição envolvendo um time que fez história no futebol é um alienado.

Eu só consigo ver nessa forma de pensar uma profunda arrogância sobre como os demais deveriam se comportar. Como disse nosso antigo professor de história Nelson:

"Cinema é somente alienação? Teatro? Barzinho? Festa? Só se pode ser engajado sem nenhuma diversão? E, na contramão, protesto não pode ser divertido? Todo mundo é manipulado? Não dá para torcer pelo time e contra a polícia do Cabral? Todo mundo dentro do estádio tb foi "comprado" (essa é dose)? E não pode ser torcedor e ser contra a Fifa e a CBF? E não posso vibrar com o futebol e pedir uma CPI dos gastos com a Copa? E vamos juntos fazer uma passeata até a Coca, a Nike e quiçás e abrir suas planilhas? E quem disse que diversão tb não beneficia as pessoas? Ah, a doença infantil do dualismo opositor..."