Texto originalmente publicado em Versão Beta do Esporte (nome provisório). Como a ferramenta ainda está sendo desenvolvida, republico aqui porque esse texto não podia esperar.
Não queria começar
minha contribuição nesse espaço assim. Preferia escrever sobre a
vergonha de um segundo rebaixamento, sobre o sorteio das chaves na
Copa do Mundo, sobre como o esporte é algo de que gostamos e do qual
não conseguimos nos afastar.
Mas o que aconteceu
hoje em Joinville tira a a graça disso tudo. Para quem está por
fora, houve um briga generalizada no jogo entre Atlético Paranaense
e Vasco sem que qualquer agente de segurança (público ou privado)
aparecesse durante alguns minutos.
Foi possível assistir
pessoas sendo espancadas em alta definição e rede nacional.
Passamos boa parte da tarde recebendo notícias imprecisas e
desencontradas que falavam até em mortos. Por sorte, muita sorte,
ninguém morreu e os ferimentos foram menos graves do que pareceram
no primeiro momento.
Não cabe aqui
discutirmos que torcida começou, quem atacou primeiro. Muito menos é
hora de falar que se a segurança fosse feita pela polícia e não
por empresa privada teria sido diferente. Até porque quem vai a
estádios, sabe que a atuação da polícia passa longe de garantir
alguma tranquilidade.
Não dá para acreditar
que havia clima para seguir o jogo. Como não havia em Heysel em 1985
ou no Maracanã em 1992. Que continuasse depois, que os dois times
fossem declarados perdedores, que o resultado fosse decidido numa
moeda. Não dava para ter jogo sem saber como estavam os que saíram
de lá em ambulância. Não dava para ter jogo sem saber como sairiam
do estádios os torcedores que sobraram.
Devemos sim cobrar a
punição dos agressores, dos que tentaram assassinatos, dos que se
sentem seguros para cometer crimes escondidos pela multidão. Não dá
para esquecer de cobrar também a punição aos responsáveis pelo
evento, pela segurança, aos que bancam a ida dos brigões, aos que
arrumam ingressos.
Nesse fim de semana,
participei de conversas. em grupos diferentes, nas quais falamos da
maior tranquilidade que temos visto hoje em estádios do que 20 anos
atrás, de que os confrontos hoje são vistos longe dos estádios,
longe das câmeras e dos aparatos de segurança. A realidade mostrou
nosso engano mais rápido do que esperávamos.
Espero que o evento de
hoje sirva para repensarmos muita coisa sobre como organizamos nosso
futebol. É necessário estudar o que dá certo e o que dá errado em
outros países, debater, discutir e evitar a solução fácil de
encontrar bodes expiatórios.
Acho que é da
responsabilidade de toda a sociedade (ou de todos que se envolvem de
alguma forma com eventos esportivos) trabalhar para que ir a um
estádio tenha como único sofrimento possível a derrota de seu
time.
p.s. não colocarei
links ou imagens sobre o ocorrido. Vocês sabem onde encontrar.